sábado, 22 de setembro de 2007

Saudades... Sim, eu terei!

A última dele foi esconder-se entre as minhas roupas. Estava lá, em meio a blusinhas, calças jeans, saias, vestidos, algumas coisas limpas e outras sujas, tudo dentro de um armário que estava fechado e iluminado pela luz da quinta-feira. Dia em que todas as reviravoltas acontecem, o dia em que sempre acontece algo.
Ele já fizera outras tantas vezes essa brincadeira, a primeira, foi a uns dois anos, logo que ele começou a fazer parte da minha vida. Ele sumiu durante vários instantes, que para mim pareceram horas, tamanha a minha preocupação e aflição em encontrá-lo na casa imensa, com tantos cômodos, tantos móveis, tantos lugares possíveis para um esconderijo.
Depois de um tempo correndo de lá para cá, encontro-o sob os cobertores da minha cama. É claro, como não havia de estar lá, provavelmente durante a noite, eu, meio inconsciente, acabará levando-o para junto de mim.
Ao longo de nossa convivência, que começou um dia antes de meu aniversário de 17 anos, em dezembro de 2004, isso repetiu-se com freqüência. Não só com relação a dormirmos juntos, mas a comermos lado a lado e até viajarmos e gastarmos fortunas. Nunca fui a nenhum lugar sem ele. Até no banho ele era minha companhia. E durante todo o longo ano que morei sozinha ele estava lá. Sempre.
Era um elo de ligação, um contato direto com a família e os amigos. Ele sempre sabia onde todos estavam, em qualquer hora. E como me ajudou a lembrar de minha tarefas, meus trabalhos da faculdade, minhas idas ao dentista e outras tantas coisas que fiz durante esses quase três anos.
Foram muitas mudanças, tanto de personalidades quanto de atitudes. Começar a faculdade, trocar de cidade, morar com os tios, depois com a família novamente, começar a trabalhar, morar sozinhas, sair, voltar a viver com a família, começar a morar com as amigas, trocar de emprego, brigar com umas das meninas com que morava e se mudar com as outras duas e até, foi uma delas, que o encontrou naquela quinta-feira, que o sol iluminava o armário.
E foi no sábado chuvoso, dois dias depois, que ele foi deixado de lado, sua alma continua comigo, habitando outro corpo, realizando muito mas funções do que realizava antes. Mas é de seu corpo que eu sei que sentirei falta. A sua luz nunca mais iluminará minha escuridão, ele não mais me ajudará a encontrar coisas perdidas na bolsa ou o buraco na fechadura. Não estará lá para subir escadas sem luz ou iluminar páginas e páginas de livros que lia embaixo do edredom. Continuarei a vida sem ele ao meu lado, mas lembrar-me-ei para sempre de sua existência. Meu Nokia 1100 permanecerá para sempre guardado entre meus pertences, na gaveta de lembranças, fazendo parte do meu passado.

11 comentários:

Leonardo Silveira Handa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leonardo Silveira Handa disse...

Eu tenho medo de certas tecnologias. Justamente por sentimentos de afeto a máquinas que sabemos que serão trocadas. Tenho medo de desenvolver carinho pelos eletrônicos. Por isso que não tenho celular. De toda a forma, um adeus com trompas celestiais ao Nokia 1100, que ele seja feliz em outro cobertor.
Que a paz esteja com ele. Amém!

João Otávio disse...

Nossa Lai... muito bom, bom mesmo..
nunca que eu ia dizer que era um celular o qual estava escondido em meio a roupas limpas e sujas.
mas agora eu me pergunto, o que será de você sem aquele celular?????
;O
uehueahea
bjo

Camila disse...

eu adivinhei o que era na primeira frase...talvez porque quem o encontrou naquela quinta-feira tenha sido eu... e como demorei para localíza-lo...ouvia apenas um piiipiiipiiipiii, e quando me dei conta percebi que vinha das profundidades do grada roupa...mas quando eu digo profundidade quero deizer PROFUNDIDADE mesmo...
sahsuahsiahsiashas
tbém senrtirei a falta dele, não tanto como sinto do nosso amado BIC, mas sentirei!
asahsiuahsiausahsiashas
te adoro lai!!!
;***

Moni disse...

A vida com laiane. Pense na seguinte questão, e seu celular falasse? Tu tava lascada neh, convivendo a tanto tempo assim contigo, deve ter visto e ouvido cada coisaaa uhaauhuaa...Seria um bom memorando dos anos da faculdade uhauahu Muito bom o texto:)

Dani disse...

Pobre Nókia 1100.... O primo distante do Emenegildo se foi!
Nanaanana.... Calma amiga, não chore... Ele foi para um lugar bem melhor!
rsrsrsrsrsrsrsrs....

Dani disse...

Pobre Nókia 1100.... O primo distante do Emenegildo se foi!
Nanaanana.... Calma amiga, não chore... Ele foi para um lugar bem melhor!
rsrsrsrsrsrsrsrs....

Fox disse...

Que pena. Apesar de ele regular com a minha avó, eu curtia ele...ele é o unico no mundo mundial inteiro que ilumina as nossas vidas...Triste. Guarde ele com muito carinho. E, sempre que eu for na sua casa, quero cumprimenta-lo, afinal, ele sempre foi fiel a voce...Inclusive agora, voce com um aparelho novo, mas ele continua ali, guardado na gaveta, esperando q vc lembre dele. Esse é o verdadeiro amor. Beijos.

Dayanne disse...

Hahahah, eu tmb descobri logo nas primeiras palavras......mto legal o texto, mas quanto amor por esse objeto ...nossa...

bjos Lai :)

Dayanne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lucas disse...

ehehehe...
muito bom o texto mesmo... gostei.
acho que vc deveria mandar ele para o pessoal da nokia. Com certeza eles ficariam felizes em saber da tamanha satisfação que um 1100 proporcionou a um de seus consumidores... eheheheheheheheheheh
e olha... eu tive um 1100 tbm, eh muito bom mesmo, aquela lanterninha... eh mais util que o cinturão do batmam.
bjo